Guardo ondas presas na saliva
Tenho asas
As velas do meu barco são a remos
E as gaivotas riem-se do esforçoque faço a viver.
Guardo sopros de vida em nuvens de algodão doce
Tenho guelras
A minha vida é uma feira de pregões
E nado na minha cidade Atlante
Á procura da rua onde moro
Entre algas e aloes vera.
Não guardo penas
Não quero
Os meus olhos deitam as lágrimas fora
Não guardo soluços
Grito-os ao mundo tão alto como
Roucas ficam as cordas vocais
Desta guitarra Portuguesa que é o meu corpo.
Olho para tráz para a frente e vejo-me
E vejo-te e vejo o riso das crianças
Passo pelos muros desta prisão
A que chamamos realidade.
Resumo
Ser é a prazo, de cada vez
E levo comigo os retratos de todas as vidas
As que vivi e as que viverei
Aqui ou noutro planeta
À noite ou noutro Sol
Com o cabelo molhado da chuva de meteoritos
O corpo tapado de cinza
O olhar iluminado de lava
Mas sempre sempre a sorrir, ou não?