sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

escrevo-te nos meus olhos e és assim

cresces-me no ventre das palavras

oiço o improviso no teu primeiro choro

porque inegavelmente cresceste em mim

no desfiar dos dias em que esperavas

chegar para seres meu no meu regaço

sentir o tempo em que serias

vitoriosamente no meu abraço

o filho que teria de ser meu pela mão da minha alegria

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

eternamente a mar



Espreita-me as ondas dos olhos
Guarda-me o horizonte em chamas
Agarra-me como se fosse o último dia do universo
Como se a corrente me levasse
E a maré devorasse o meu tempo e o olhar.
Repousa sobre o meu corpo o teu tempo
Mesmo que as minhas lágrimas estejam ausentes
Não permitas à minha tristeza sussurrar
Olha-me na alma e navega-me em oceanos de querer
Que eu sou o som das vagas neste imenso mar
E é maré alta nos meus sonhos.
Não vou morrer de tédio, nua, despida de espuma
Sem saber que posso ser eternamente amar.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Para lá de Ti


Para lá do que vês
Para lá do teu sorriso
Para lá das mãos
Para lá de mim

segunda-feira, 7 de julho de 2008

De ser Assim


Flor de ser eu um bocadinho
De cada vez que ser é cor de rosa
Tão poucas são as vezes que assim é
Tão pouco é o tempo se assim for
Desta esperança que de tão morosa
Me faz chorar devagarinho
E desejar sentir o teu olhar poisar em mim
E ser amor.

Este Amor Meu


este amor meu, que ama o mar, o ir e o ficar, estas vagas que em marés de invernia nos chamam....e nós que lhes respondemos ao apelo...esta areia que se ajusta ao corpo...ondulando o olhar...acendendo sois nas mãos...como te amo eu assim e de todas as formas!

Dormirei contigo eternamente


Pela eternidade
Dormirei contigo
Onde o horizonte acaba
Dormirei contigo
Em gotas de sal e espuma
Dormirei contigo
Nas revoltas ondas em chicote
Dormirei contigo
Até ao fundo deste imenso mar
Dormirei contigo
Fecharei os sonhos com os olhos
E… Dormirei contigo

O Teu Ouro


De que ouro és?
Que me quero banhar em ti
Deitar-me no teu corpo ardente
De que ouro és?
Que derreterei as minhas asas
E a cera incandescente cairá no mar em fumo
De que ouro és?
Que pele dourada será a minha depois de ti?

Diz-me Bom Dia


encosta-me o corpo à rigidez das pedras
diz-me bom dia
não adormeças no passar torpe das manhãs
diz-me bom dia
para que o dia seja mesmo bom e lindo e feliz
diz-me bom dia
e faz-me sentir rainha em todos os castelos
diz-me bom dia
por favor diz-me bom dia....

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Para lá da linha do horizonte. Para lá de mim.


Para lá do azul repousei os meus olhos
Deitei os cabelos em novelos de nuvem
Abri o meu corpo em searas de filhos
Adormeci na sombra de amplas copas
Não acordei sacudida de chuva
Não ardi na fornalha de oblíquos raios
Molhei apenas a minha alma nos orvalhos
Gotículas de papoilas e outras pétalas
Recolhi-me em ninhos de cegonhas
Cantei nas asas melódicas dos gaios
A minha flor de Maio ficou púrpura
Ao olhar o mundo revi-me vezes sem conta
E a usura da vida remoeu-me o peito
Quantas vezes quis eu dormir ao relento
Em planícies em estrelas abertas de noites frias
Para aquecer o nascer do sol num grito
Arqueando as costas num gesto aflito
De quem não sabe ter prazer senão todos os dias
Numa exigência inegociável de sorrisos
De abraços e desejos lidos no vento
Assobiados nas cantigas de amor e tédio
Searas inteiras de Alentejos perdidos
E eu a ler as linhas do meu corpo como um mapa
Para chegar a mim como botão de campainha
E responder-me : quem és?

Guerreiro Meu







Guerreiro que outrora foste

Que perante a imensidão deste oceano
Conquistaste o meu olhar
Aprisionaste o meu sorriso
Beijaste a minha boca sem falar
Porque não foi preciso
E eu que já sabia que virias
De assalto para contigo me levar
Deixei-me ir nas vagas do teu mar
E o vento cantou-me o sentido
De ir e não voltar.

ESTE AMAR.ESTE MAR.ESTE MAR DE TE AMAR.

Este mar de te amar tanto
Este Sol a deitar-se sobre o nosso olhar
Este salgado manto
Que me treme as mãos de te agarrar.
Porque sou sereia e no meu canto
Prendo-te o peito, os olhos e o andar
Embalo-te no meu colo em pranto
Porque estou apenas a sonhar.
Quero-te real estendido, enquanto
O mar se deita e a areia vem beijar
Agarro-te contra o meu peito e sinto o quanto
Em todas as marés te vou amar.
Gosto de te ver a olhar
A focar o dias e as noites
Gosto de te agarrar
A expressão alegre que tens
Quando o mundo se abre
E o apanhas dentro de ti.
Gosto de ti no correr do tempo
E ver-te e veres-me e ...Gosto.

Espelho de mim


Duplicadamente
No quente desta luz
Nos teimosos raios que me trespassam
Na rude casca dos pinheiros
Na estrada por onde segue o meu corpo
Na tua mão na minha
Na correria doida dos ponteiros
Nos olhos todos que me vêem
Nos outros todos que pensam que me vêem
Nas duplicações da ilusão de óptica
Na óptica ilusória de ser
Espelhos de si mesmas
Espelho de mim


Se alguém pintar o horizonte
Que seja a azul e fogo
Em pinceladas oblíquas
Fundindo-se com o olhar.

Se alguém acender as estrelas
Que sejam luz sobre os caminhos
E o pó e as estevas brilhem
Ao canto da coruja e dos grilos.

Se alguém ousar perturbar o silêncio
Que seja a cantar
A dançar também, sobre as searas
Em ondulantes movimentos das ancas
E sempre a sorrir e a sonhar,
Sem nostalgia e sem amarras
Contando os tempos, desenhando Claves
De um Sol que abrirá a janela amanhã.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

O outro lado




Estamos lado a lado nesta sala que poderia ser espelho da vida.Gosto de ouvir o teu silêncio.Gosto de sentir o ar, que sei vais respirar e eu também, mas de outra forma, porque ser um é ser assim: dois.
Gosto de prever o beijo que te darei depois.
Gosto de ver como mergulhas no mundo e te abstrais, como o teu olhar de linçe penetra o que vê.
Gosto de ti. Ponto. E o ar gélido deste Inverno fica um pouco mais quente.Contigo aqui é mais fácil esperar pelo Verão.

Assim...













Gosto de te ver sorrir. O teu sorriso é lindo e cristalino. Nele mato a minha sede de sorrisos. Com ele sorrio também.
Não gosto de te ver triste. O meu coração encolhe. Os meus olhos molham a minha vontade de sorrir.As minhas mãos ficam sem saber para onde ir.
Saber-te feliz é sentir-me mergulhar no sol sem derreter os sorrisos, o teu e o meu.Adoro-te, Amor meu! Seremos felizes, sim, porque assim está pintado em tons pastel no nascer do Sol das nossas vidas juntas!

Porque será assim













Acabaremos sempre temas inacabados

Formaremos um mundo de riso aberto na cumplicidade do nosso prazer

Olharemos sempre dentro dos nossos olhos a transparência da forma como nos amamos Apertaremos sempre as nossas mãos numa dança entrelaçada de força e desejo

Daremos as nossas bocas um ao outro em beijos de toca e foge ou longos e perdidamente deliciosos

Seremos donos de uma alegria que nada nem ninguém ousará tocar

Porque eu quero

Porque tu queres

Porque será assim!

Esta Noite









Esta noite gosto ainda mais de ti se for possível
Esta noite amo-te como nunca ousei deixar o meu coração amar
Esta noite olho-te e gosto tanto de te olhar
Esta noite prendo-me no teu sorriso e apetece-me morder a tua boca
Esta noite guardo para sempre este momento suspenso de ser feliz
Esta noite é testemunha de que não será possível amar mais e tanto e durante tanto amar e gostar tanto de te amar e durante tanto gostar tanto e amar tanto...e ainda mais.

Espera









Sento-me neste fim de dia a sorrir do que recordo do seu início
Sento-me neste momento em que a minha cabeça procura o teu ombro
Sento-me neste luar minguante o olho o horizonte que está escuro
Sento-me direita como uma menina bem comportada e espero a campainha
Sento-me neste lugar de dormir em caracol pelo teu corpo dentro
Sento-me na imagem de te abraçar e sorrio a dizer até já

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

sexto dia de nós

Hoje, ao dia sexto das nossas vidas juntas, ouvir-te dizer Amor é um imenso arrepio de felicidade infinita.

Hoje, ao sexto dia do resto das nossas vidas, dizer-te Amo-te é pouco na imensidão deste mar de amar em que me movo em direcção a ti, a nós.

Hoje, exactamente hoje, quero que sejas feliz.

Hoje, hoje mesmo, quero ser feliz.

Hoje, agora, já, eu quero sentir-te e respirar-te e ser todos os dias...contigo.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Regresso








Agora que no regresso a casa se juntam os dias e as noites, num jogo de corpos entrelaçados e de sorrisos...
Agora que o Universo te retornou a mim, e as pétalas dos teus olhos formaram a flor do meu corpo...
Agora que o gosto agri-doçe da vida ficou mais doçe e menos acre...
Agora que a solidão dos sofás se transformou e deu origem a momentos únicos e inapagáveis...
Agora que choro de alegria por ver o teu rosto no primeiro gesto da manhã...
Agora que és aqui e agora, no meu peito a bater com os corações doidos de paixão...
Agora amo-te mais do que é possível dizer ou sentir ou fazer e plasmarei na imensidão das galáxias o teu nome gravado em mim pela eternidade, entre as coxas dos meus corpos de todas as vidas em que passaste por mim e gravaste a tua marca.

sábado, 27 de outubro de 2007

Tu em mim








Continuo a sonhar com sorrisos em cascata
Os olhos guardam entre as pestanas o ar de gato a espreguiçar
Continuo a sonhar com os dedos em pontas
A boca retem línguas de fogo a rodopiar entre dentes
Continuo a sonhar com sonos dormidos ao relento
As mãos procuram-te por entre as estrelas
A galáxia que sou brilha demais quando és estrela em mim.

Feliz














Feliz fico de ver a felicidade estampada nos teus olhos.
Feliz estou quando o teu sorriso se abre ao universo.
Feliz ando por caminhos onde te observo brilhante quando triunfas.
Feliz vibro na espectativa de te encontar e entrar no teu abraço.
Feliz serei ainda mais quando o amanhecer me trouxer o teu acordar.
Feliz ficarei imparávelmente quando o universo for testemunha de nós.
Feliz serás tu também quando as estrelas do meu firmamento te iluminarem o sorriso.

Acordar








dizes bom dia com a voz dos anjos
harpas que tocam na minha garganta
fazem-me cantar em choros desmedidos
de felicidade ao ritmo ascendente de existir
dizes bom dia com perfume na voz
os sentidos exalam-te e exaltam-se
vulcões de ser transformam-se em mim
a felicidade é inequivocamente assim sentir
dizes bom dia e já é noite
o corpo tem a preguiça da paixão
as mãos tremem de tanto te tocar em sinfonias
e a partitura ficará para sempre gravada
entre os dias as noites e o coração

Gosto / Não Gosto


Estes são os dias em que navegar em alto mar

impedem a actualização do diário de bordo.

Resta-me sintetizar!











Gosto do cheiro do mar

Não gosto de virar as costas às ondas

Gosto do voo das gaivotas

Não gosto de observar os pássaros só

Gosto do sorriso de quem ama

Não gosto de memórias difusas

Gosto de olhar na menina dos olhos

Não gosto de deixar o olhar para traz

Gosto de sentir o coração no peito

Não gosto de fronteiras

Gosto de ir

Não gosto de vir

Gosto de passar o rio

Não gosto de pontes de regresso

Gosto de rir

Não gosto de lágrimas

Gosto de dar a mão

Não gosto de ausência

Gosto do gosto da tua boca

Não gosto do silêncio

Gosto de amar

Não gosto.........

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Poema para a minha irmã







Guardo deste Alentejo várias horas,
Encontros, perdas, paixões e desamores
Levo comigo para onde for o meu terraço
De longas e soalheiras horas languidas
Em que nos rimos e dissecámos a vida toda de fio a pavio
Recordarei para sempre o céu cor de rosa
O sol que me encheu o coração nas horas doidas
E as nossas tardes e noites na sucessão de descobrir que nos amamos desde sempre.
Gosto muito de ti, irmã minha, que a vida me trouxe em desalento e o coração guardou docemente pela ternura do teu olhar de menina perdida e por mim encontrada.

Postal


Saber,não saber


Sem saber que existias, sonhei-te
Nem sabia que sonhava.
Na distracção de viver, senti-te
Nem sabia que vivia.
Abstractamente num gesto sem pensar
Soube que estavas no meu horizonte
E fiquei Feliz só de saber.
Guardarei para sempre
A ariana lembrança da amizade,
Da serenidade do olhar,
Da subtileza do sorriso,
Do fogo de Áries envolvente e doce.
Gostarei de ter gostado de passar aqui e ser
Abstractamente, em múltiplos sentidos.
De ter ficado a saber.
De te imaginar, ouvir, lembrar
E projectar a outra hipotética vida a acontecer.

Como sou



Guardo ondas presas na saliva

Tenho asas

As velas do meu barco são a remos

E as gaivotas riem-se do esforçoque faço a viver.

Guardo sopros de vida em nuvens de algodão doce

Tenho guelras

A minha vida é uma feira de pregões

E nado na minha cidade Atlante

Á procura da rua onde moro

Entre algas e aloes vera.

Não guardo penas

Não quero

Os meus olhos deitam as lágrimas fora

Não guardo soluços

Grito-os ao mundo tão alto como

Roucas ficam as cordas vocais

Desta guitarra Portuguesa que é o meu corpo.

Olho para tráz para a frente e vejo-me

E vejo-te e vejo o riso das crianças

Passo pelos muros desta prisão

A que chamamos realidade.

Resumo

Ser é a prazo, de cada vez

E levo comigo os retratos de todas as vidas

As que vivi e as que viverei

Aqui ou noutro planeta

À noite ou noutro Sol

Com o cabelo molhado da chuva de meteoritos

O corpo tapado de cinza

O olhar iluminado de lava

Mas sempre sempre a sorrir, ou não?

Alma


O meu nome está nas estrelas que levo no cabelo

O meu caminho nas minhas lágrimas, nos meus sorrisos

Os meus olhos vêm no horizonte o que já fui refractado em

Espelhos de água

E o que serei estará na razão directa desse mergulho

Elevar-me-hei das águas, qual excalibur

Empunhada pelo brilho de uma armadura ao sol

Numa montada branca de crinas ao vento

Cavalgando por entre labaredas

Entre os cavaleiros do Apocalipse e Artur

E perguntarei a Merlin da Alquimia de ser

Que me fará o retrato da Fénix.

Compreenderei então o meu nome

Vislumbrarei o caminho

Sacudirei a poeira do meu alforge

E serei levada pelos meus passos

De acordo com o caminho que tracei

Desde os Tempos Imemoriais

Encontro


No princípio era o verbo.
O substantivo, o adjectivo, o complemento directo,
A ordenação de todos eles em parada.
Encontrámo-nos na mesma praça.
Sentámo-nos no mesmo banco.
Dissertámos sobre os mesmos temas
Reciprocamente interessantes.
Ficámos desléxicos em simultâneo.
O meu coração acelera e ri, e o teu?
Os meus olhos batem palmas de pestanas
E cora-me a ponta do nariz como se tivesse frio.
As mãos estão molhadas e nem sequer está calor.
Subitamente tenho para aí 15 anos.
Encontrei o discurso directo de efeito boomerang.
Enquanto sacias a tua fome, escrevo-te.
Obrigada doce olhar por me ouvires!

Insinuosamente danço


Horizontes de Sol pela manhã,
Entraram-me pela janela com o mar.
O meu corpo tremia ainda,
O meu coração desenfreava já.
O peito em júbilo de amar,
Entrava na dança branda das ondas.
O teu corpo guerreiro em repouso,
O teu coração a marcar os tempos.
A mão na forma insinuosa do meu corpo
E eu a olhar-te na angústia da despedida.
Na dor da ausência anunciada,
Fechei as pétalas do meu sexo
E permiti que uma lágrima e apenas uma desliza-se.

Agora












Tentações latejam
Tremem os ombros do peso que carrego
As pernas não respondem
As mãos amuam e fecham-se a preces irrespondidas
Os dentes cerram-se e mordem as palavras
Só grito na presença do meu amor
Só quero a presença da luz que me fica antes
Não quero a negritude de depois de ires
Tentações praguejam
Porque não estás a subir os degraus do meu sorriso?
Se o meu peito te pergunta, porque não respondes?
Se os meus seios te apontam o sul porque te viras a norte, a este, a qualquer ponto cardeal fora de mim?
Quero ouvir a música das tuas imagens
A tocar sinfonias nas cordas vocais dos meus gemidos…
Agora…por favor!

terça-feira, 23 de outubro de 2007

1/4 de ser









Um quarto de hora para ter
Um quarto do tempo que teria se aqui estivesses
Um quarto escuro de esperar
Um quarto de laranja amarga a embotar a língua
Um quarto de beijo que mesmo assim é só na memória
Um quarto de hotel que é miragem
Um quarto do vento que me leve o grito
Um quarto de mim acordado, 3 quartos dormentes
Um quarto de hora na estação
Um quarto fechado à espera de nós
Um quarto de uma vida inteira à espera
Um quarto de estar farta a tempo inteiro
Um quarto do que fui e já não posso
a Um quarto de não ter tempo de ser.






Digo-te Depois








Digo-te depois as mágoas

Digo-te já o sorriso

Digo-te depois o que não quero dizer agora

Digo-te agora o que não contenho

Digo-te depois porque fico triste

Digo-te já se tiver coragem

Digo-te que te amo mesmo que me digas depois.

Felicidade a ser


foto de Julio Vaz de Carvalho
Rio à noite
Gargalhadas de ondas.
E as estrelas vêm brincar com os meus seios.
As tuas mãos queimam.
As pontas dos teus dedos agarram-me.
Viro as costas à brisa.
Fresca está a rua e o rio escuro como breu.
Brilha apenas o teu sorriso e os meus olhos.
A felicidade é.
A noite estende mantos de constelações.
Arrepios passam pela pele.
Encantamento de sereias que vêm do longínquo mar
Cantar em línguas de longe
Transformam o ar em vidro.
Cristalizam os ruídos incontidos de todas as emoções
E pairam em voos rasantes de gaivotas.
Fecha-se o sol em envelopes de nuvens pastel.
A noite é mais uma noite a acabar mergulhada em vazio
De ausência anunciada e retorno expectante.
Quero para sempre a felicidade das estrelas
A pairar o meu corpo, o meu coração, os meus cabelos!

Jo


viver de amar
é respirar o vento que vem do sul
quente e sossegado
pousado no ventre ao fim de tarde
anunciando o firmamento da noite mais brilhante
plasmando céus em estrelas cintilantes
voando no cabelo alado revolto dos gestos de paixão
apertado entre os nós dos dedos enleados
gritado aos quatro ventos em sorrisos soltos
amado na estória de todos os amantes
sentido ao limite do tempo do espaço do corpo
gostado em todos os instantes
fotografado em olhares presentes e distantes
para sempre marcado na minha pele ao sul
pousado em minha mão a latejar poemas
para sempre introduzido no universo
amar a viver amando
porque assim te encontrei em mim
assim te cantei em verso
assim te desejei em prosa
viver de amar
porque te sei assim

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

3 tempos de sonhar



Sonhar é viver antes de ser
Antes de deixar acontecer o que tanto se deseja e projecta
Antes de dar corpo ao que sentimos na vontade latente e secreta
Antes de olhar no espelho o que não havíamos conseguido encontar.
Sonhar é a razão de existir
Durante a criação do teu desejo mais profundo
Durante a construção de todo um novo mundo
Durante todos os momentos ao relento de amar
Sonhar é transformar em certo
Depois de já saberes o que criaste sabes ser feliz
Depois de te teres sentido explodir olhas e sorris
Dás-me a tua mão ficas comigo e agora já não é sonhar.
É ser, é estar, é ficar...é.
Amar…

Dia Cinzento



O livro que sou está sem ilustrações
O dia de hoje rabisca arabescos sem cor
O tempo hoje está tímido
O ar ficou denso espesso enovoado
O coração bate mais lento mais sem sol
A pontuação perdeu-se por aí
O diálogo calou-se em monólogo
O olhar está algures entre o horizonte e o vazio.
A minha mão treme na escrita
O sorriso está teimoso e com mau feitio
A cabeça está no ar e quer ficar no ar
O livro que sou está a fechar
Amanhã talvez quem sabe haverá sol

Noite Esta Nossa






Esta noite a lua esteve cheia.
Esta noite o tempo esteve lá.
Esta noite entrei no tempo e ri.
Esta noite foi noite e meia.
Esta noite foi outro passo dado.
Esta noite o mar não mergulhou.
Esta noite foi tanto o que senti.
Esta noite o meu olhar parado,
Esta noite o meu grito abafado,
Soltaram-se para ti.

Tejo de Amar


Gosto do cheiro do rio a pairar
Em gotículas que pousam nos cabelos
Gosto do barulho das ondas
A marcar o ritmo do corpo sorridente
Gosto das estrelas firmando o céu
Espreitando o sereno arquear quente
Gosto do grito das gaivotas
A abafar os outros, a sustê-los
Gosto de ponderar olhares semi-cerrados
E perguntar se a noite acaba em manhã
Sem que respondas
E ao fechar os olhos estejam lá todos os sorrisos
os beijos
as gargalhadas
as horas a navegar nos ponteiros
as pontas soltas dos novelos